quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Entrevista ao Figueira na Hora.


PEDRO CRUZ: “Nunca vou esquecer a primeira foto que vi publicada num jornal”
Pedro Agostinho Cruz nasceu em 1987 na Cova-Gala, freguesia de São Pedro, onde ainda hoje reside.
Licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade da Beira Interior, tem imagens publicadas em vários órgãos de comunicação social locais, regionais e nacionais. Colabora regularmente com as mais diversas publicações.
Os momentos que capta, com a mestria que unanimemente lhe é reconhecida, ultrapassaram em muito as fronteiras nacionais.
Apesar de jovem, Pedro Cruz tem vindo a estender o seu trabalho às mais diversas áreas, desde a foto-reportagem à propaganda, passando pela imagem-publicitária e casamentos. O desporto, nomeadamente o surf, é presença constante nos seus trabalhos.
Sempre que solicitado, está presente em exposições que mostram uma pequena parte do que vai produzindo. Recentemente, «emprestou» o seu nome a uma exposição na Casa de Nossa Senhora do Rosário, no âmbito das comemorações do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.

Alguns dos seus trabalhos podem ser apreciados em: https://www.facebook.com/PedroAgiostinhoCruz

O «Figueira Na Hora» edita hoje uma conversa informal com Pedro Cruz onde se fala de alguns temas relacionados com uma das paixões de vida: a fotografia.

«« Quando e de que forma nasceu este gosto, esta paixão pela fotografia?
- Essa é a pergunta que faço a mim próprio todos os dias… Não consigo responder concretamente a essa questão.
Mas, comecei a ver a fotografia com outros olhos quando fui convidado pelo meu tio António Agostinho a colaborar com o blog dele, o «Outra Margem». Quando dei por mim estava a colaborar com jornais locais e regionais. Foi um processo que surgiu naturalmente.

«« O que mais te dá prazer fotografar?
- Pessoas! Para mim as pessoas são sempre o mais importante, sempre!
«« A cores ou preto e branco?
. Não tenho preferência. Acho que há trabalhos que resultam bem a cores e outros a preto e branco. Julgo que é mais uma das muitas escolhas que o fotógrafo é obrigado a fazer no seu processo fotográfico.

«« Apesar de seres ainda jovem, tens um currículo profissional que te levou a fazer os mais diversos trabalhos na área da foto-reportagem jornalística. Tens algum que te tenha marcado pela positiva?
- Nunca vou esquecer a primeira foto que vi publicada num jornal. Parece que foi ontem, mas deve ser fruto do tema que continua infelizmente tão atual, a erosão costeira. Contudo, já lá vão uma dezena de anos. Tinha 16 anos.

«« E pela negativa?
- Infelizmente já vive algumas situações complicadas, fogos, acidentes são sempre trabalhos que de alguma forma mexem comigo. Não é fácil congelar aqueles momentos e desligar depois. Normalmente as situações mais complicadas não ficam registadas fotograficamente por opção, mas as imagens essas ficam bem gravadas na minha memória fotográfica.

«« Nos últimos anos tens apostado numa divulgação equilibrada dos teus trabalhos, participando em diversas exposições. Tens partilhado estes espaços com outros expositores. Considera-os fotógrafos? Ou apenas apaixonados pela fotografia?
- As exposições surgem de uma forma espontânea um pouco como o meu trabalho. Quando me convidam para estar presente, normalmente respondo positivamente, e é com um enorme prazer e agrado que o faço, mas para isso tenho de sentir que tenho algo para acrescentar aquela história.
Quando não sinto isso fico no meu canto, triste comigo próprio porque não dei a resposta que queria ter dado. Acho que desta forma também estou a responder à questão dos fotógrafos/ apaixonados por fotografia. Se for para acrescentar algo quem ganha com isso é a Fotografia.

«« Se é verdade que o «boom» das redes sociais aproximou pessoas, criando um outro paradigma na convivência social, também é verdade que nem tudo o que trouxe é positivo.
Tens visto algumas das tuas imagens a circular pelo Facebook e outros espaços sem referência ao autor. Sentes que estão a «roubar» o teu trabalho?

- Eu acho que a Internet é uma ferramenta de trabalho essencial. Como disse no outro dia, hoje, não chega estar na internet. É preciso saber estar na mesma. Se respeitarmos o trabalho do outro quem ganha somos todos nós, comunidade virtual.
É óbvio que não gosto de ver as minhas fotos a circular na internet sem os devidos créditos. Não é a questão do nome como normalmente se diz. Nome tenho há 26 anos! É uma questão ética e de respeito pelo trabalho do próximo.

«« Neste percurso de vida tens tido boas surpresas. A foto que tiraste ao Garrett McNamara a surfar na Nazaré, partilhada pelo próprio, é um desses exemplos. Além da satisfação pessoal, qual o feed-back recebido?
- O reconhecimento é importante, não vou ser hipócrita ao ponto de dizer que não o é. Trabalho para fazer sempre mais e se possível melhor. Ainda não consegui acabar um trabalho e estar 100 % satisfeito com o resultado final. Sou assim por natureza. Não acredito na perfeição, mas acredito que é sempre possível fazer melhor. Não é frase feita. Acredito mesmo!
O feed-back tem sido positivo, as opiniões positivas servem para aumentar os níveis de confiança, mas é com os reparos negativos/construtivos que dispenso mais tempo. São fundamentais para mim. Tenho a sorte de ter alguns amigos, excelentes profissionais que não são adeptos dos “belíssimo” e do “fantástico” e me apontam o dedo quando tem que ser.

«« Nasceste e vives na Figueira da Foz. Um fotógrafo, devidamente credenciado como tu, consegue profissionalmente sobreviver nesta cidade?
- É um desafio. Nesta cidade para teres a oportunidade que mereces tens que ser realmente muito bom, mas infelizmente até isso pode ser se tornar insuficiente aqui. É complicado. Aliás, muito complicado. Aqui apreendi a viver o dia-a-dia. Não vale a pena sonhar muito. Os horizontes são realmente pequenos. A culpa em parte também é dos figueirenses que deviam estar atentos e dar importância aos verdadeiros valores ativos que temos na área.
A fotografia figueirense é mais uma coisa como tantas outras na cidade, “muita parra, pouca uva”, infelizmente.

«« Que futuro esperas alcançar? Em área gostarias de fazer carreira profissional?
- O fotojornalismo é a minha paixão. Vou continuar a trabalhar como até aqui tenho feito…

«« A terminar, tens ideia de qual poderia vir a ser a “tal” foto da tua vida? Aquela que gostarias de estar no sítio e tempo certos?
- Amanhã falamos disso…

Daniela&João